terça-feira, 12 de abril de 2011

O Valor de Ser Só

Adaptei originalmente de um texto recebido por email, para expôr, de maneira sincera, algo que é deliberadamente meu pensar. Um homem comum e sua busca.

"Andei pensando no valor de ser só. Interessante como as pessoas ficam querendo arrumar esposas ou maridos para os outros. Lutam, mesmo que não as tenhamos convocado para tal, para que recebamos o direito de nos casar e constituir família.

Já presenciei discursos inflamados de pessoas que acham um absurdo o fato de não casar. Fico indignado quando vejo as pessoas se perderem em argumentos rasos, limitando uma questão tão complexa ao contexto do “pode ou não pode”.

Eu não poderia ser um homem casado e levar a vida que levo. Não poderia privar os meus filhos de minha presença para fazer as escolhas que faço. O fato de não me casar não me priva do amor, eu o descubro de outros modos.

Tenho diante de mim a possibilidade de ser dos que precisam de minha presença. Na palavra que digo e no gesto que realizo, o todo de minha condição humana está colocado. É o que tento viver. É o que acredito ser o certo.

Esta opção de vida não me foi imposta, ninguém me obrigou. Eu assumi livremente todas as possibilidades da minha solidão, mas também todos os limites. Não há escolhas humanas que só nos trarão possibilidades. Tudo é tecido a partir dos avessos e dos direitos. É questão de maturidade.

Faço uso da minha sensibilidade, para tentar identificar, quais são as pessoas que poderão oferecer algum risco para minha vida de solteiro.
Eu não me refiro somente ao perigo da sexualidade. Eu me refiro também às pessoas que querem me transformar em “propriedade privada”. Querem depositar sobre mim o seu universo de carências e necessidades, iludidas de que eu sou o redentor de suas vidas.

É preciso pensar sobre isso. Não se trata de casar ou não. Casamento não resolve os problemas do mundo. Nem sempre o casamento acaba com a solidão. Vejo casais em locais públicos em profundo estado de solidão. Não trocam palavras, nem olhares. Não descobriram a beleza dos detalhes. Fizeram sexo demais, mas amaram de menos. Faltou o encontro frutuoso, o amor que não carece de sexo o tempo todo, porque sobrevive de outras formas de carinho.

É por isso que eu continuo aqui, lutando pelo direito de ser só, sem que isso pareça neurose ou imposição que alguém me fez. Da mesma forma que eu continuo lutando para que os casais descubram que o casamento também não é uma imposição. Só se casa aquele que quer.

Pergunte-se sempre: – É de livre e espontânea vontade que o fazes? – É simples.

Ninguém está livre das obrigações do amor, mas a fidelidade a si próprio é o rosto mais sincero de nossas predileções."

ps. Ao perguntar se deveria referenciar o autor, uma amiga me disse: "de jeito nenhum... não revele o autor, pq as palavras são suas, que sairam da boca de outra pessoa, coisa mais doida."

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. bonito! E sim, se outra pessoa escreveu, mas o sentimento também é seu, então são também suas as palavras.

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  3. Olá, surfista nerd! Já tinha recebido esse texto por e-mail.

    Minha opinião é que o que funciona para os outros pode não funcionar pra gente.Nem todos nasceram para as mesmas coisas.Infelizmente a sociedade cobra que todo mundo siga o caminho dito " natural" e isso termina criando muitos problemas... Maternidade e paternidade, por exemplo, não deveria ser pra todo mundo.

    Abração,

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